Fraternidade Divina - Santíssima Trindade
"Celebrar a Santíssima Trindade, portanto, é celebrar o mistério do amor de Deus. Um amor que é capaz de unir as três pessoas da Trindade. Nisto consiste a identidade dinâmica de Deus"
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Para o cristão, celebrar a Santíssima Trindade e o seu mistério significa contemplar os muitos dons – dos quais nós não conhecemos a origem, mas podemos conhecer os efeitos –, a atenção e a ação salvífica de Deus Pai na história da humanidade, mas de modo mais concreto na vida de cada um de nós, da nossa família da nossa comunidade.
Podemos ter presente o amor de Deus por nós, quando nos redimiu dos nossos pecados, através da paixão, morte na cruz e ressurreição do seu Filho Jesus Cristo. Mas também a graça cotidiana, exercitada pelo Espírito Santo no nosso caminhar de peregrinos em direção à casa do Pai.
O povo de Israel, no seu peregrinar em busca da terra prometida, que Deus tinha dado a Abraão, e mesmo depois de ter tomado posse dela, precisou conviver com outros povos, que adoravam outros deuses. Mas a diferença entre esses ídolos e o Deus de Israel, é que os ídolos permaneciam mudos diante da invocação de quem os adorava; o Senhor Deus de Israel, ao contrário, intervém com mão poderosa na história do povo, manifestando-se como o único e verdadeiro Deus, que ouve o grito e o lamento de dor do povo que sofre, libertando-o da escravidão e conduzindo-o, para a terra prometida, com ternura, amor e vigor.
Aqueles que se deixam guiar pelo Espírito de Deus são filhos de Deus, nos fala São Paulo na Carta aos Romanos (cf. Rm 8,14). Aqueles que creem no Cristo Jesus são emancipados da escravidão, não mais servos, mas filhos adotivos e herdeiros da glória do Pai. O Filho, Jesus Cristo, através da sua Páscoa salvífica, nos deu a possibilidade de nos tornarmos filhos, incorporando-nos a ele, pela ação do Espírito Santo. O servo tem medo da lei do patrão, porque teme não poder observá-la ou cumpri-la. Para o filho Jesus, a vontade do Pai é Lei porque é um dom de amor, não uma obrigação de servo. O grito de Abbá, “ó Pai”, é aquele que o Cristo partilha conosco, graças ao Espírito; é aquele que nos introduz na vida trinitária dia após dia, em nossa vida.
Precisamos compreender, queridos irmãos e irmãs, que o amor de Deus por nós é a causa pela qual Deus nos criou, isto é, se doou a nós mesmos. O amor de Deus por nós é a causa pela qual nos redimiu, isto é, nos renovou na nossa capacidade de amar o próximo e ele mesmo. O amor de Deus por nós é a causa pela qual nos salvou, doando-nos a capacidade de chegarmos à plenitude do amor.
Celebrar a Santíssima Trindade, portanto, é celebrar o mistério do amor de Deus. Um amor que é capaz de unir as três pessoas da Trindade. Nisto consiste a identidade dinâmica de Deus. Porque o amor não é jamais estático, mas é vida dinâmica. Celebrar a Santíssima Trindade é sentir o amor de Deus pela humanidade, o seu doar-se e o seu partilhar, na revelação que Jesus nos fez, e na nossa vida pessoal cotidiana. Celebrar a Santíssima Trindade é contemplar o modelo do nosso amar, porque somente no Deus uno e trino, contemplamos a totalidade e a incondicionalidade do amor, que se doa sem medida.
+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul